quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Integridade da Doutrina Cristã


I. A DOUTRINA BÍBLICA E O HOMEM

1. Alimentando a alma. “Não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor; e a nós mesmos como vossos servos por amor de Jesus” (2Co 4.5). Jamais devemos perder de vista o tão importante fato moral de que o mestre deve viver a verdade que ensina. Moralmente, é extremamente perigoso que um homem ensine em público o que sua vida prática desmente – perigoso para si mesmo, desonroso para o testemunho e prejudicial para aqueles a quem ensina. “Prega a palavra!” foi a admoestação do apóstolo a Timóteo. “Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.2). Esse mandamento, por si mesmo, é suficientemente forte para fazer que pastores se aprumem e percebam a grande ênfase colocada na pregação e no ensino. Paulo, entretanto, continuou escrevendo para fortalecer essa admoestação com um argumento bastante perturbador. O motivo pelo qual os pastores têm de pregar e ensinar a Palavra são porque “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2Tm 4.3-4). A respeito de quem Paulo está falando? Quem são essas pessoas? Ele não estava se referindo às pessoas que se encontravam fora da igreja. Estava falando sobre membros de igreja que ouvem o ensinador. A razão pela qual Timóteo precisava pregar a Palavra com autoridade era a inevitável tendência íntima dos homens no sentido de resistirem à sã doutrina. A exposição da Palavra é o meio ordenado por Deus para combater essa tendência. Um dos deveres principais do dirigente é alimentar as ovelhas mediante o ensino da Palavra de Deus. Ele deve ter sempre em mente que o rebanho que lhe foi entregue é a congregação de Deus, que Ele comprou para si com o sangue precioso do seu Filho amado (At 20.28; 1Co 6.20; 1Pe 1.18,19; Ap 5.9). Em At 20.19-27, Paulo descreve de que maneira serviu como pastor da igreja de Éfeso; tornou patente toda a vontade de Deus, advertindo e ensinando fielmente os cristãos efésios (At 20.27). Daí, ele poder exclamar: “estou limpo do sangue de todos” (At 20.26); “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (At 20.28).

2. Doutrina é vida. Doutrinar é ensinar as verdades fundamentais da Bíblia, organizadamente. É o conjunto de princípios que servem de base ao cristianismo, compreendendo desde o ensinamento, pregação, opinião das lideranças religiosas, desde que embasadas em Textos de obras Bíblicas escritas, como Regra de fé, preceito de comportamento e norma de conduta social, referente a Deus, a Jesus, ao Espírito Santo e Salvação. A nossa conduta deve se harmonizar com a doutrina que pregamos. Por isso o cuidado de nós mesmos estarmos vinculados ao cuidado da doutrina. Paulo discipulando Timóteo alerta-o quanto ao cuidado consigo mesmo e com a doutrina. A vida pessoal dos ministros de Deus deveria ser pura tanto quanto a doutrina que pregam. A influência de Deus pode se afastar do coração do homem através da negligência, e nossas mentes podem perder a intensidade de seu chamado. Paulo deve ter observado que os falsos mestres desviaram-se justamente por falhar nestes pontos e, portanto, de onde cristãos geralmente podem se desviar. “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho” (2Jo 1.9). O principal objetivo da doutrina bíblica é aprofundar o nosso conhecimento de Deus (Os 6.3). Se não o conhecermos experimental e redentivamente, como haveremos de colocar-nos a seu serviço? (1Sm 3.7). O Israel do Antigo Testamento caiu na apostasia por não conhecer a Jeová. Através de Oséias, o Senhor amoroso, lamenta: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Os 4.6).

3. Doutrina e cultura. Quando se expõe algo, nossa base não pode ser o julgamento próprio, mas, por meio da verdade, apresentada pela Bíblia. Tendo conhecimento da doutrina, devemos praticá-la: “Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes“ (Jo 13.17); “Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados” (Rm 3.13). ‘O nosso viver diário é uma conseqüência natural da filosofia de vida que adotamos. Nada mais evidente que isso. Obviamente a nossa vida religiosa é da mesma natureza que a doutrina que pregamos ou professamos. O procedimento de cada indivíduo é decorrente da doutrina religiosa ou filosófica que adota. Ele age em função dos princípios que constituem a sua vivência ou integram a sua personalidade no meio em que vive. O modo de viver de cada um é a expressão da doutrina que professa ou da sua própria irreligiosidade. A boa doutrina gera boa conduta. Doutrina correta tem como conseqüente uma vida correta. Por isso a doutrina bíblica é essencial na vida do crente, para que o seu viver esteja em perfeita harmonia com a Bíblia’[1] (disponível em: EleitosdeDeus.Org). A situação presente do mundo é simplesmente uma conseqüência do abandono das Sagradas Escrituras. As doutrinas exóticas, humanistas e liberais que as igrejas modernas estão pregando em nossos dias, são responsáveis por essa lassidão moral que caracteriza o nosso século. Quando Paulo argumenta com os Romanos para que não se conformassem com o mundo (literalmente ‘era’, referindo-se a um sistema ateu), referia-se a conformar-se com o estilo ou aparência externos, acomodando-se a um modelo ou padrão. Para Paulo, qualquer conformidade aparente ou superficial com o presente sistema corrupto ou qualquer tipo de acomodação com seus costumes seria fatal para a vida cristã[2]. “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade [alguns manuscritos acrescentam: e da pureza] que há em Cristo” (2Co 11.3). Paulo, como um pastor zeloso, teme que seus convertidos se afastem de Cristo, assim como Eva foi enganada por Satanás e afastou-se de Deus. Ele sabia que os falsos apóstolos eram uma perigosa ameaça espiritual, comparável à Serpente de Gênesis. Seus ensinamentos pareciam bons, mas na realidade corrompiam a mensagem do evangelho com suas inserções humanas, filosóficas e gnósticas de apego a exigências legalistas e de concessões (2Co 3.6; 6.14-7.1; 10.5). Esse perigo não ficou restrito àquela época da Igreja, ele é tão real hoje quanto foi para a Igreja de Corinto. Por isso, a advertência de Paulo deve ser o norteador de todo crente para não se apartar da simplicidade e da pureza que há em Cristo[3].

II. RESISTÊNCIA À SÃ DOUTRINA

1. A inversão de valores. Estamos vivenciando uma época de relativismo moral com a rejeição de Deus e dos valores cristãos. A verdade absoluta particular está sendo paulatinamente abandonada, a sociedade ergue a bandeira do pluralismo e evita a idéia que há realmente o certo e o errado (Relativismo é a teoria filosófica que se baseia na relatividade do conhecimento e repudia qualquer verdade ou valor absoluto. Ela parte do pressuposto de que todo ponto de vista é válido. Essa filosofia afirma ainda que todas as posições morais, todos sistemas religiosos, todos movimentos políticos, etc., são verdades que são relativas ao indivíduo). Há uma frase atribuída a Martinho Lutero que diz: “Não é a Igreja que deve determinar o que deve ser ensinado das Escrituras, mas são as Escrituras que determinam o que deve ser ensinado na Igreja”. ‘O resultado da flexibilidade doutrinária e da posição adogmática de uns e do antidogmatismo de outros, tem refletido na vida de homens e mulheres de forma bem acentuada, comprometendo a estrutura social do país e a estrutura eclesiástica da igreja. É triste observar que as famílias vivem do amanhecer à noite como se Deus não existisse. O domingo é um dia para um sono extra, para passeios ou para se ler e estudar livros diversos. Se nada se ensina de Deus às crianças nas escolas, se dEle não se fala nos lares, só poderemos esperar no futuro uma sociedade não cristã’[4]. O profeta Isaías denunciou a atitude daqueles que fazem das trevas luz e da luz trevas; do amargo doce e do doce amargo (Is 5.20). Os que postulam essa inversão de valores estão debaixo de um “ai” de maldição. A corrupção e a decadência dos valores morais tornaram-se tão gritantes que os homens não apenas se distanciaram da verdade, mas tornaram a verdade em mentira e a mentira em verdade. Quando as pessoas deixam de perceber a diferença entre o bem e o mal, logo se encontram frente a frente com a ruína. Quando se deixa o padrão moral de Deus, todas as escolhas morais tornam-se confusas. Sem a presença de Deus, a sociedade estará a beira de um colapso e de muito sofrimento.

2. Desviando os ouvidos da verdade.
A cada dia surgem novas doutrinas que fazem com que crentes que não estão bem equipados para o uso da espada, a palavra da verdade, venham a desviar seus ouvidos da verdade e pior voltarem-se para as fábulas, ritualismos ou ordenanças que na verdade promovem doutrinas falsas e negam as verdades básicas da fé Cristã (2Tm 4.1-5). Louis Berkhof em sua Teologia Sistemática falando acerca das marcas distintivas da Igreja assevera: “A fiel pregação da Palavra. Esta é a mais importante marca da Igreja. […] A fiel pregação da Palavra é o grande meio para a manutenção da Igreja e para habilitá-la a ser a mãe dos fiéis. Que esta é uma das características da Igreja transparece em passagens como Jo 8.31, 32, 47; 14.23; 1Jo 4.1-3; 2Jo 9”[5].

3. Fábulas e mitos.
As fábulas são fantásticas para captar a atenção dos interesses e dos sentimentos humanos. Seu estilo literário se caracteriza por narrações, nas quais, seres irracionais, e mesmo objetos inanimados, são representados como agindo e falando, para ensinar lições morais, e manipular a capacidade de atenção e concentração, tomando conta da identificação idealizada em detrimento da realidade. As fábulas e novelas têm poder na captação objetiva do interesse e na fixação das lições que estão sendo propostas. Paulo escreve que, nos últimos tempos, a própria Igreja estará se desviando dos propósitos de Jesus Cristo, distorcendo o evangelho de modo a aceitar o que é ilícito como se fosse normal, desviando as pessoas do genuíno evangelho do Senhor Jesus Cristo. O termo apostatar-se significa desviar-se ou afastar-se. Esse sinal já está acontecendo nos dias de hoje. Muitas autoridades das igrejas têm distorcido o verdadeiro evangelho, dando lugar ao orgulho, conforme alguns exemplos: Tim Lahaye e Jerry B. Jenkins, em seu livro Estamos vivendo os últimos dias? citam o bispo episcopal de New Jersey (EUA) John Shelby Spong, que escreveu o livro Why Cristianity should change or die (Por que o Cristianismo deve mudar ou morrer), onde ele afirma que:

- A ressurreição de Cristo não foi real, mas uma lenda;

- Não houve túmulo vazio, nem anjos, nem aparições;

- Nenhuma pessoa racional pode crer na interpretação literal da Bíblia;

- A virgem de uma Bíblia literal, Belém e a manjedoura, têm de sumir;

- A igreja deve apoiar ativamente, e até celebrar relações extraconjugais.

A Palavra de Deus nos alerta que as igrejas apóstatas infelizmente terão seus seguidores, além dos falsos mestres, conforme 2Tm 4.3-4: “Porque virá tempo em que [as pessoas] não suportarão (agüentarão) a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos [por algo prazeroso e gratificante], amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas”[6]. A Bíblia, no entanto, em muitas passagens, adverte o cristão a respeito do perigo de abandonar os valores morais da Bíblia. A Palavra de Deus afirma que “o mundo passa, com tudo aquilo que as pessoas cobiçam; porém aquele que faz a vontade de Deus vive para sempre”.

III. ATITUDES EM RELAÇÃO À SÃ DOUTRINA

1. Fidelidade a Deus. “Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele, Arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, nela abundando em ação de graças” (Cl 2.6-7 6). O apóstolo insiste que devemos andar de acordo com o evangelho, a fim de ficarmos arraigados, edificados e firmados na Palavra de Deus. Independente do que os legalistas façam ou digam, independente do que os tele-pregadores e cantores do gospel espalhem como verdade, a igreja deve preservar a sã doutrina, deve continuar com a doutrina saudável do evangelho. É preciso estar preocupados com que a sã doutrina, que é segundo o evangelho, seja transmitida e que haja o comprometimento para com a mesma. O Senhor adverte-nos, em sua Palavra, de que nos últimos tempos haveria grande rebeldia e apostasia: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1). Paulo continua observando em geral por que os cristãos deveriam viver de acordo com a sã doutrina (Tt 2.11-14). Deus demonstrou sua graça para com a humanidade enviando seu Filho para morrer na cruz. Jesus morreu para redimir os homens de sua iniqüidade, assim provendo para ele próprio um povo especial purificado e zeloso das boas obras (Ef 5.25-27). A mensagem do evangelho é que podemos tornar-nos parte deste povo especial se quisermos deixar a impiedade e as paixões pecaminosas do mundo e viver de acordo com a sã doutrina.

2. Discernindo os enganos e sutilezas. Paulo exortou a igreja de Tessalônica: “Examinai tudo. Retende o bem” (1Ts 5.21). Todo e qualquer ensino espiritual deve ser analisado, a fim de evitar os efeitos do engano e a corrupção da sã doutrina dentro da igreja. Os falsificadores simulam uma espiritualidade, sabem falar a linguagem do povo cristão, apresentam uma suposta autoridade espiritual e falam em nome de Jesus. Porém, esses mesmos pseudo-profetas não apresentam uma piedade genuína, seus frutos são carnais, e o amor está longe de seus corações. Precisamos estar atentos, porque um ensino falso pode trazer conseqüências destrutivas à vida de qualquer pessoa. O apóstolo Pedro deixou claro que a presença do verdadeiro não é suficiente para impedir a manifestação do falso. Ao falar dos autênticos profetas hebreus do Antigo Testamento, o apóstolo ressaltou que “também houve entre o povo falsos profetas” (2Pe 2.1). Ao longo dos séculos, percebeu-se que onde há o verdadeiro, há também o falso. Para cada Moisés, há um Janes e Jambres (2Tm 3.8); para cada Micaías, há um Zedequias, filho de Quenaana (1Rs 22.11); para cada Jeremias, há um Hananias, filho de Azur. O crente não pode deixar-se levar pelos sinais e manifestações sobrenaturais, sem antes ter a certeza de que a sua origem é divina (1 Jo 4.1-3).

3. Plenitude de vida. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10). Neste ponto, discordo do pensamento do nobre comentarista quanto a idéia de que a vida abundante faz referencia a todos os aspectos de nosso ser: físico, espiritual, emocional e mental. Essa promessa que Ele fez é a de vida eterna, e a vida eterna é abundante. Por certo, não se refere às condições existenciais do homem. Contudo, transcrevo a seguir, o artigo O que entender por vida abundante?

(III. Conclusão)

Estamos vivendo tempos trabalhosos e a falta de interesse pelo estudo bíblico campeia em nossas igrejas. Não é difícil encontrar dentro de uma mesma igreja opiniões distintas sobre pontos básicos de nossa doutrina. O antídoto para essa anomalia é o ensino sistemático das verdades cristãs. Como poderá o crente guardar a Palavra se a desconhece ou possui um conhecimento falho? A maior necessidade da presente hora no seio da igreja é uma sólida base bíblica doutrinária para a fé!

“Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” (1Jo 3.18)

N’Ele, que me garante que: “… o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.28).

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